Após muita expectativa e refilmagens, enfim o longa Bailarina chegou aos cinemas, marcando a primeira obra derivada de John Wick a ser lançada nas telonas. Apesar de não ser o primeiro derivado — o seriado The Continental no streaming foi o pioneiro — este filme reforça a conexão com o universo criado por Keanu Reeves, às vezes de forma até excessiva. Além disso, Bailarina traz novidades que merecem destaque, incluindo cenas de ação inovadoras e uma narrativa que busca diferenciar sua protagonista, Eve Macarro (Ana de Armas).
Contudo, calma! Bailarina não é uma produção ruim ou maçante. A ação, marca registrada da franquia, está presente e bem executada, assim como a narrativa, que é bastante simples, seguindo o padrão da saga. Pode-se dizer que, se fosse uma apresentação de dança, a protagonista Eve só tropeçaria ao depender de seu parceiro de ballet — ou seja, quando precisa de apoio.
Dinâmica de ação e criatividade na trama
Se você busca cenas de luta e violência no estilo John Wick, encontrará o que deseja em Bailarina. A protagonista, sem dúvida, tem uma das maiores contagens de corpos na franquia, com uma sequência alegadamente contendo cerca de 100 mortes, segundo estimativas ao longo do filme. A criatividade nas cenas de combate também se destaca, como a heroína usando lança-chamas e realizando acrobacias impressionantes com a ferramenta, além de uma luta visualmente impactante entre fogo e água em uma paisagem gelada.
O filme também brinca com os clichês clássicos do gênero, apresentando saídas de cena triunfais e momentos de reflexão sobre as armas que serão usadas no clímax de forma inovadora. As coreografias de luta fogem do típico “John Wick com mulher”, oferecendo movimentos e humor diferentes, com cenas bizarras envolvendo pratos, granadas e até um frigorífico de restaurante, resultando em um visual bastante criativo.
Enredo simples, mas com pontos fracos
Para muitos, as melhores histórias da franquia são aquelas de vingança simples, como Wick lutando para recuperar seu cachorro ou seu carro. Aqui, Eve deseja vingar a morte de seu pai, uma proposta que remete ao começo de John Wick. No entanto, a construção do roteiro falha ao não criar um vínculo emocional forte com a personagem ou sua família, o que poderia tornar o enredo mais envolvente.
Um dos maiores problemas de Bailarina é a constante tentativa de conectar sua narrativa ao universo de John Wick. Algumas aparições do personagem de Keanu Reeves, como no teatro onde Eve encontra Wick, servem apenas para reforçar essa conexão, embora sua presença, na maior parte do tempo, tire o peso emocional tanto de Wick quanto de Eve. Além disso, sua participação acaba por desviar o foco do desenvolvimento da protagonista.
Outro aspecto que merece atenção é a exploração de personagens secundários, como Norman Reedus, cujo personagem, Daniel Pine, acaba tendo uma participação rasa e pouco relevante na trama. Uma ameaça centenária aos Ruska Roma também surge de forma abrupta, sem referências anteriores na franquia, o que parece uma tentativa de ampliar o conflito de forma forçada e pouco crível.
Participação de John Wick e impacto na história
Um ponto de atenção é a presença excessiva de John Wick em Bailarina. Sua participação, embora seja excelente na cena, acaba sendo um problema, pois retira o foco de Eve e de sua trajetória de crescimento. A tentativa de inserir Wick como uma ameaça ou uma inspiração para Eve, ao mesmo tempo em que reforça a conexão com o universo da franquia, acaba por diminuir a força emocional do enredo e prejudica sua originalidade.
A própria construção da personagem Eve revela uma evolução interessante em relação a Wick. Em Bailarina, ela demonstra esforço para subir na hierarquia de seu universo, mostrando uma protagonista mais desenvolvida do que o próprio Wick em seus primeiros filmes. No entanto, o final tenta promover uma ligação ainda mais forte, mas acaba por reduzir o impacto de ambos, deixando o desfecho um pouco apressado.
O filme também tenta transmitir a mensagem “Fight Like a Girl” (Lute como uma garota), usando esse conceito na trilha sonora e em cenas de treinamento. Ainda assim, o encerramento acaba por diminuir o brilho tanto de Eve quanto de John Wick, deixando a impressão de que poderia ter explorado melhor essa proposta de empoderamento.
“A inovação nas cenas de ação e a tentativa de diferenciar Eve de Wick trazem um ar de novidade, mas o roteiro não consegue sustentar essa diferença no longo prazo,” afirmou crítica especializada.
Assim, Bailarina se apresenta como um filme de ação estiloso, com boas cenas criativas e momentos de adrenalina. Contudo, o roteiro deixa a desejar na profundidade dos personagens e na harmonia com o universo de John Wick, o que pode decepcionar quem esperava uma narrativa tão sólida quanto a franquia original. Ainda assim, é uma produção que entretém e oferece novidades para os fãs do gênero.
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