Antes de acelerar nas pistas de F1: O Filme, é importante entender que o longa-metragem apresenta uma mistura de entretenimento visual impressionante e uma narrativa carregada de clichês e fórmulas previsíveis. Dirigido por Joseph Kosinski, conhecido por seu trabalho em Top Gun: Maverick, o filme aposta na forte hollywoodinização do esporte, com cenas de alta adrenalina e uma produção técnica de alta qualidade. Entretanto, a trama acaba sendo limitada por uma narrativa previsível, que pouco explora as questões atuais do automobilismo mundial, reforçando estereótipos antiquados e apagando aspectos importantes da realidade da Fórmula 1.
Imersão técnica e visual deslumbrante
Durante as sequências de corrida, F1: O Filme consegue proporcionar uma experiência sensorial capaz de colocar o espectador dentro dos cockpits a mais de 300 km/h. A utilização de quinze câmeras em cada carro fictício, combinada com filmagens feitas durante a temporada de 2023, especialmente no GP de Silverstone, cria uma atmosfera bastante realista e imersiva. Além disso, a presença de pilotos como Max Verstappen, Lewis Hamilton e Charles Leclerc ajuda a conferir autenticidade ao cenário, embora esses nomes tenham mais o papel de compor o ambiente do que de desenvolver suas próprias jornadas dentro do filme.
Elenco de peso e performance de Brad Pitt
Brad Pitt, aos 61 anos, mantém toda sua presença de palco, trazendo o enigmático Sonny Hayes com charme e uma atuação convincente. Sua química com Damson Idris, que interpreta o jovem Joshua Pearce, é um dos destaques positivos do filme. Outros nomes como Javier Bardem e Kerry Condon também contribuem para o enriquecimento da narrativa, com Condon, na figura da diretora técnica Kate McKenna, destacando-se como uma personagem mais interessante e representativa do universo feminino na produção. Vale mencionar também o esforço técnico na caracterização das cenas de corrida, que elevam a experiência cinematográfica ao colocar o público dentro do universo das pistas.
Críticas ao roteiro e ao progressismo desvirtuado
Apesar do aspecto técnico impecável, o roteiro de F1: O Filme é marcado por clichês que podem desagradar aos fãs mais críticos do esporte e da cultura pop. A superficialidade do romance entre a engenheira Kate McKenna e Hayes reforça estereótipos ao estabelecer uma relação romanticamente simplificada que associa sucesso técnico ao relacionamento amoroso, além de ignorar o impacto de questões sociais relevantes na atualidade. Nesse contexto, a personagem de Kerry Condon, uma mulher em um esporte dominado por homens, deveria representar um avanço na inclusão, mas sua história é envolta em relacionamentos pessoais que acabam por reduzir seu protagonismo a uma função secundária. Além disso, a recente temporada de 2024 de Fórmula 1 foi marcada por escândalos de assédio sexual dentro da Red Bull Racing, destacando a necessidade de uma abordagem mais crítica e realista na ficção que aborda o esporte.
Outro ponto de discórdia é a discrepância de idades: enquanto Pitt, com seus 61 anos, representa décadas de experiência, os pilotos atuais como Fernando Alonso, de 43 anos, continuam competindo em alto nível. O filme ignora essas diferenças, focando em uma narrativa de superação pouco crível frente à realidade da categoria. Dessa forma, a obra acaba sendo mais uma homenagem visual do que uma reflexão autêntica sobre as complexidades do automobilismo moderno.
Publicidade e autenticidade técnica
O destaque técnico de F1: O Filme é indiscutível, com uma produção visual que encanta e imerge o espectador na velocidade e na adrenalina das corridas. A qualidade das cenas de ação, com filmagens feitas durante eventos reais da temporada de 2023, como o GP de Silverstone, traz um realismo que poucos filmes do gênero conseguem alcançar. As quinze câmeras em cada carro fictício, combinadas com a recriação de ambientes como a garagem da equipe ApexGP, elevam o padrão visual da produção. Além disso, a participação de figuras reais da Fórmula 1, como Max Verstappen, Lewis Hamilton, Charles Leclerc, além de equipes e jornalistas, ajuda a criar uma ambientação mais autêntica, embora esses nomes sirvam apenas para compor o cenário, sem desenvolverem suas próprias jornadas dentro da narrativa.
Personagens e atuações
Brad Pitt preenche a tela com sua presença magnética e seu carisma natural, compondo o enigmático Sonny Hayes com sutilezas que reforçam seu charme. Sua atuação, aliada à química com Damson Idris, que dá vida a Joshua Pearce, torna o filme mais envolvente. Desenvolver personagens femininos na Fórmula 1 ainda é um desafio, e a personagem de Kerry Condon, a diretora técnica Kate McKenna, deveria representar um avanço na inclusão, mas sua relação amorosa com Hayes reforça estereótipos antiquados e limita a narrativa a uma relação de dependência emocional. Essa abordagem fraca e pouco original contribui para a sensação de que o filme falha em trazer uma visão mais realista e progressista do universo do automobilismo.
Conclusão
F1: O Filme é uma obra que encanta pelo seu visuais de tirar o fôlego e pelo star power de Brad Pitt, mas peca ao apostar em fórmulas já batidas e ao reforçar estereótipos ultrapassados. Para os fãs de Fórmula 1, o filme oferece uma experiência sensorial única, com cenas de tirar o fôlego e uma ambientação bastante realista, graças à alta produção técnica. No entanto, quem busca uma reflexão mais profunda sobre os desafios sociais e as questões éticas do esporte provavelmente se decepcionará com a superficialidade da narrativa. Assim, a obra funciona como um entretenimento de ação superlativo, mas deixa a desejar na construção de personagens e na abordagem do lado social da categoria.
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