A história de Vjeran Tomic é um daqueles enredos que parecem ter saído diretamente de um thriller de Hollywood. Conhecido mundialmente como o “Homem-Aranha de Paris” por sua extraordinária habilidade em escalada, Tomic se consagrou como um dos mais notórios ladrões de arte da história francesa. Sua ousada saga criminosa, repleta de adrenalina e desafios improváveis, foi meticulosamente revisitada no aclamado documentário da Netflix de 2023, intitulado “Vjeran Tomic: O Homem-Aranha de Paris”. Nesta produção envolvente, o próprio Tomic detalha os bastidores de seus maiores feitos, incluindo o audacioso assalto ao Museu de Arte Moderna, que resultou no furto de obras de arte avaliadas em mais de 100 milhões de dólares.
A Infância Turbulenta de um Ladrão Genial
Vjeran Tomic revela que sua incursão no mundo do crime começou surpreendentemente cedo, aos 8 anos de idade. Sua infância foi marcada por um cenário de adversidades: uma mãe impossibilitada de oferecer cuidados adequados devido a um grave acidente de carro e um pai notoriamente violento. Sentindo-se profundamente rejeitado pela sociedade e confrontado com uma realidade familiar desestruturada, Tomic encontrou no roubo não apenas uma forma de subsistência, mas também, para sua própria surpresa, um estranho conforto e um caminho para o “dinheiro fácil”.
Essa mentalidade o acompanhou até os 18 anos, quando seu destino tomou um rumo inesperado. Ao ingressar no exército, Vjeran descobriu e aprimorou uma habilidade que mudaria sua trajetória para sempre: a escalada. Esta nova aptidão, além de proporcionar um novo foco e disciplina, provaria ser um trunfo inestimável em sua futura e controversa carreira criminosa.
De Pequenos Furtos à Arte da Invasão Aérea em Paris
Após deixar o serviço militar, Tomic não hesitou em retornar à vida de furtos, mas com um diferencial estratégico. Seu foco não eram mais rádios de carros, e sim residências em bairros nobres de Paris, buscando itens de valor muito mais significativo. Embora os riscos fossem consideravelmente maiores, Tomic desenvolveu um plano engenhoso para mitigar esses perigos: utilizar seu recém-descoberto talento para escalada para facilitar invasões que poucos ousariam. Escalando prédios de até 15 andares e saltando audaciosamente entre fachadas, ele mirava os apartamentos mais altos, pois, em sua percepção, eram os menos protegidos.
O ladrão de arte relatou que essa rotina de alto risco lhe proporcionava uma intensa descarga de adrenalina, uma sensação que, com o tempo, tornou-se viciante. A escolha dos locais a serem invadidos também era peculiar e altamente estratégica: Tomic preferia lugares com os moradores presentes, mas dormindo, já que era menos provável que os sistemas de alarme estivessem ativados. Após a invasão, ele procurava por tudo que tivesse valor visível ou em cofres de fácil acesso, incluindo dinheiro e joias preciosas.
“O dinheiro roubado foi o menos preocupante da situação, pois seu apartamento havia sido invadido enquanto dormia, algo que não havia percebido até a manhã seguinte. A mulher considera o caso como algo aterrorizante e que jamais será esquecido.”
— Verônica, uma das vítimas de Vjeran Tomic, no documentário da Netflix.
Apesar de suas ações, Vjeran Tomic afirma categoricamente que nunca machucou suas vítimas. Além disso, ele sustenta que não se arrepende do que fez, justificando seus atos ao alegar que roubava apenas dos ricos, a quem descreve de forma generalizada como pessoas “desonestas, depravadas e desleais”. Por outro lado, Verônica e muitos outros acreditam que essa fala é uma forma de Tomic tentar se sentir menos culpado pelos crimes que cometeu, uma racionalização para suas escolhas de vida.
O Nascimento do ‘Homem-Aranha de Paris’ e a Prisão de 1999
A vida de luxo bancada pelo dinheiro dos roubos, paradoxalmente, teve seu preço. O próprio amor de Tomic por obras de arte acabou se tornando seu calcanhar de Aquiles. Em 1999, após subtrair três valiosas obras do renomado artista Renoir, avaliadas em milhões de dólares e retiradas de um luxuoso apartamento em Paris, o criminoso foi finalmente reconhecido e, consequentemente, preso.
Este incidente de grande repercussão não apenas o levou à cadeia, mas também gerou diversas reportagens que o apelidaram de forma marcante: “o Homem-Aranha de Paris”. Esta alcunha era uma referência direta à sua audácia e habilidade inigualável de escalar prédios altos sem o uso de equipamentos de segurança, desafiando a gravidade e a lógica.
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O Maior Roubo de Arte da França: O Museu de Arte Moderna
Após sua libertação, Vjeran Tomic foi, curiosamente, incentivado a cometer novos crimes por um antiquário chamado Jean-Michel Corvez. Entre as propostas, destacou-se o que viria a ser o maior e mais ambicioso roubo de arte de sua carreira: o furto de obras de arte valiosas localizadas no Museu de Arte Moderna, um dos mais importantes museus de arte moderna e contemporânea da Europa.
O acordo era claro: Tomic entregaria as pinturas roubadas a Corvez e, em troca, receberia 50 mil euros por cada obra. Esse seria, supostamente, seu último grande golpe, parte de um plano para viajar o mundo e começar uma vida completamente nova, longe dos locais onde costumava cometer crimes.
Com sua característica meticulosidade, Tomic observou o museu por dias. Para se aproximar sem levantar suspeitas, ele fingiu ser um morador de rua, o que lhe permitiu analisar as janelas sem cortinas e monitorar as rondas dos seguranças. Graças a essa observação minuciosa, ele fez uma descoberta crucial: os alarmes do museu não estavam funcionando. A segurança era tão precária que Vjeran levou seis noites consecutivas para desparafusar uma janela específica, utilizando uma técnica própria. Ele conseguiu entrar facilmente no museu, aproveitando as falhas nas rondas dos seguranças. No total, cinco obras de arte de valor inestimável foram furtadas, incluindo trabalhos icônicos de Picasso, Braque e Modigliani.
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O Desfecho: Traição, Confissão e o Mistério das Obras Desaparecidas
Após vários meses de investigação intensiva, o “Homem-Aranha de Paris”, Vjeran Tomic, foi finalmente preso ao ser pego roubando novamente. Essa recaída foi uma consequência direta da falta de dinheiro, provocada pela quebra do acordo por parte de Corvez, que não pagou o valor previamente combinado pelo roubo das obras de arte. Tomic, então, movido pela raiva e pelo desejo de vingança contra o antiquário, decidiu confessar o crime à polícia, além de se vangloriar do caso que havia ganhado repercussão mundial.
Consequentemente, Jean-Michel Corvez foi condenado a sete anos de prisão, enquanto Vjeran Tomic recebeu uma pena de oito anos. Quanto às famosas obras de arte roubadas, Corvez revelou que estavam guardadas com um conhecido, Yonathan Birn. No entanto, ao ser interrogado sobre o paradeiro das pinturas, Birn afirmou que, em um momento de desespero, destruiu tudo e jogou os restos no lixo. Essa chocante confissão resultou em seis anos de prisão para ele.
Apesar do depoimento de Birn, a polícia francesa permanece cética, acreditando que o relato é falso e que as obras de arte estão apenas desaparecidas, talvez guardadas em alguma coleção particular em um lugar do mundo. Atualmente, após cumprirem suas respectivas sentenças, os três envolvidos nesta complexa trama vivem em liberdade.
Onde Assistir à Fascinante História de Vjeran Tomic?
Para quem se interessou por essa fascinante história de crime, astúcia e arte, o documentário Vjeran Tomic: O Homem-Aranha de Paris está disponível para streaming na Netflix. A produção oferece uma visão aprofundada sobre a mente e as motivações de um dos ladrões de arte mais famosos do mundo, revelando detalhes inéditos sobre seus métodos e o impacto de suas ações.