Se você é um veterano do mundo dos videogames, certamente se lembra daquelas famosas barras de progresso. Elas apareciam, prometendo que logo você estaria imerso em uma nova fase ou área do seu jogo favorito. No entanto, o que muitos jogadores não sabiam é que essa promessa, na maioria das vezes, era uma grande ilusão. Recentemente, desenvolvedores de jogos admitiram que, por décadas, essas telas de carregamento não passavam de um placebo, uma forma sutil de “enganar” a mente do jogador e simular o progresso do carregamento.
Com a ascensão dos SSDs (unidades de armazenamento em estado sólido) e a otimização dos consoles de última geração, essas telas de carregamento “falsas” estão se tornando cada vez mais raras. Isso porque a tecnologia atual permite que os elementos do jogo sejam carregados em segundo plano, sem que o jogador perceba. Mas, afinal, por que fomos submetidos a essa “farsa” por tanto tempo na história dos videogames?
A Grande Farsa das Barras de Carregamento em Jogos: Uma Revelação Impactante
Até o início do século 21, praticamente todos os videogames para PC – e para consoles, especialmente aqueles que começaram a usar formatos como discos ópticos (CD-Rom ou DVD) – exibiam uma tela estática com uma barra indicando o carregamento do próximo nível. Essa imagem, na verdade, tornou-se icônica, quase sinônimo de “esperar para jogar”. Entretanto, uma publicação na rede social X (anteriormente Twitter) do criador de conteúdo e comediante Alasdair Beckett-King (MisterABK), em junho de 2023, acendeu o debate:
“Os desenvolvedores precisam inventar uma barra de carregamento que se mova a uma velocidade proporcional ao tempo que realmente leva para um nível terminar de carregar […]”, afirmou Alasdair Beckett-King.
Essa simples frase ecoou por toda a comunidade de desenvolvimento de jogos, levando vários criadores independentes a revelarem uma verdade há muito tempo suspeitada: as barras de progresso suaves e lineares são, em grande parte, falsas. Muitos jogos simplesmente falsificavam o progresso do carregamento para proporcionar uma sensação de avanço ao jogador, mesmo quando nada de substancial estava de fato acontecendo nos bastidores.
Por Que Essa “Cortina de Fumaça” Foi Usada nos Videogames?
Para entender o motivo por trás dessa prática, podemos recorrer à explicação de desenvolvedores experientes. Mike Bithell, por exemplo, confessou ter criado jogos com barras de carregamento que se moviam artificialmente. De acordo com sua análise, os “solavancos” ou “travamentos” na barra são, na verdade, os verdadeiros indicadores de que o carregamento está em curso. Uma barra que se preenche suavemente, em contrapartida, muitas vezes não reflete o progresso real, gerando uma falsa expectativa e até desconfiança do jogador.
Não era incomum, afinal, ver uma barra de progresso preencher quase 100% e, de repente, parar por um longo tempo. Esse comportamento era uma prova clara de que a representação visual não correspondia ao tempo restante. Outros desenvolvedores, como Raúl Munárriz, do extinto estúdio Tequila Works, também admitiram o uso desse método, justificando que “eles assustam o jogador”. Ou seja, essa “cortina de fumaça” servia para gerenciar a ansiedade dos jogadores e evitar a frustração de uma tela de carregamento estática sem qualquer feedback visual, otimizando a percepção da experiência do jogador.
O Futuro das Telas de Carregamento em Jogos e a Era dos SSDs
Embora a maioria das barras de progresso tradicionais tenha sido um artifício, é importante notar que algumas telas de carregamento são “reais” e quantificáveis. Um excelente exemplo disso é a que aparece no início de certos jogos, indicando quantos shaders ainda precisam ser compilados para que o jogo esteja pronto. Nesses casos, a barra geralmente vem acompanhada de um número que reflete dados concretos e quanto falta para a conclusão do processo.
Com a atual popularização massiva dos SSDs e a crescente tendência de jogos que limitam os carregamentos apenas a mudanças de grandes instâncias (como se mover de uma vasta área para outra dentro do jogo), as famosas telas de carregamento com barras falsas estão, sem dúvida, com os dias contados. É provável que, em breve, elas se tornem uma curiosidade do passado da história dos videogames, um lembrete divertido de como a tecnologia e as estratégias de design de jogos evoluíram para otimizar a experiência do jogador e a fluidez do gameplay.
