No universo dos videogames, poucas imagens são tão icônicas e, ao mesmo tempo, enigmáticas quanto as famosas barras de progresso. Por décadas, elas foram a interface visual que prometia indicar o avanço do carregamento de níveis e áreas. No entanto, com a evolução tecnológica, especialmente a popularização das unidades de estado sólido (SSDs), uma verdade surpreendente veio à tona: muitas dessas barras eram, na verdade, um placebo, uma “cortina de fumaça” digital criada para enganar e entreter o jogador.
Enquanto hoje os desenvolvedores de jogos buscam cada vez mais a fluidez, carregando elementos em segundo plano para uma experiência ininterrupta, as longas e visíveis telas de carregamento já foram a norma. Elas não apenas preenchiam o tempo de espera, mas também, de forma astuta, controlavam a percepção do jogador sobre o progresso do game.
Barras de Carregamento: Do Passado à Revelação da Farsa
Até o início do século XXI, a paisagem dos jogos de PC e de console (especialmente com a ascensão de formatos como CD-ROM e DVD) era dominada pelas telas estáticas com barras de progresso. Essa imagem tornou-se, assim, intrinsecamente ligada à experiência de jogar. A discussão sobre a autenticidade dessas barras ganhou força após uma publicação notável na rede social X do criador de conteúdo e comediante Alasdair Beckett-King (@MisterABK):
“Os desenvolvedores precisam inventar uma barra de carregamento que se mova a uma velocidade proporcional ao tempo que realmente leva para um nível terminar de carregar […]” afirmou Alasdair Beckett-King.
Esse comentário reverberou profundamente na comunidade de desenvolvedores independentes, que rapidamente se manifestaram para confirmar uma suspeita generalizada: as barras de progresso “suaves” e lineares eram frequentemente artificiais. Eles revelaram que os jogadores não confiavam totalmente em barras de progresso que se moviam de forma perfeitamente fluida, precisamente porque suspeitavam de sua falsidade. Muitos títulos, portanto, falsificavam deliberadamente o progresso do carregamento para proporcionar uma sensação contínua de avanço ao jogador, evitando a frustração de uma tela que parecia travada.
A Psicologia por Trás da “Cortina de Fumaça” Digital
Mike Bithell (https://x.com/mikeBithell), outro proeminente desenvolvedor, confessou em resposta à mensagem de MisterABK que ele mesmo já havia criado jogos com barras de carregamento “falsificadas”. Sua explicação desvendou a verdadeira natureza do progresso: os “solavancos” ou a travagem da barra são os sinais reais de que o carregamento está de fato ocorrendo, e não o simples preenchimento de uma porcentagem. Isso sugere que uma barra que se move de forma perfeitamente suave pode ser mais enganosa do que uma que demonstra pequenas pausas.
Era comum, portanto, que uma barra de progresso se preenchesse até quase 100% e, de repente, parasse. Essa não era uma representação precisa do tempo restante, mas uma tática para manter o jogador engajado. Outros desenvolvedores, como Raúl Munárriz, do extinto estúdio Tequila Works, também admitiram ter empregado esse método. Ele acrescentou que essas pausas e a sensação de “travamento” são cruciais para não “assustar o jogador” – uma declaração que complementa a explicação de Mike Bithell e revela a psicologia por trás dessas interações enganosas.
O Fim da Era das Telas de Carregamento em Jogos?
Embora muitas barras fossem uma farsa, é fundamental reconhecer que algumas telas de carregamento são genuinamente quantificáveis. Um exemplo clássico é a tela que aparece no início de certos jogos, indicando quantos shaders ainda precisam ser compilados. No entanto, com a ascensão massiva dos SSDs e a arquitetura moderna dos jogos, que limitam os “carregamentos” à mudança de instâncias (ou seja, mover-se de uma grande área para outra em um jogo), essas telas estão com os dias contados.
A capacidade dos SSDs de carregar dados em velocidades muito superiores às dos antigos discos rígidos permite que os desenvolvedores carreguem grande parte do jogo em segundo plano, enquanto o jogador já está em ação. Isso resulta em transições quase imperceptíveis, eliminando a necessidade de telas de espera prolongadas. O fim das longas telas de carregamento é uma realidade cada vez mais próxima, graças à incansável otimização e evolução tecnológica no mundo dos games.
Confira também:
- “Para proteger a comunidade”: Marvel Rivals terá gravação de chats de voz e punições mais severas na Temporada 3.5
- Terceiro trailer de Towa and the Guardians of the Sacred Tree revela dois novos personagens
