Se você é um jogador assíduo, certamente já se deparou com aquelas famosas barras de progresso que surgem ao carregar um novo nível ou área em seus videogames favoritos. Por décadas, essas barras foram majoritariamente um mero placebo, uma grande ilusão visual para os jogadores. Essa revelação surpreendeu muitos, expondo uma prática comum na indústria dos games.
Atualmente, as telas de carregamento com barras estáticas são menos comuns, sobretudo porque os desenvolvedores estão investindo em técnicas de carregamento em segundo plano. Isso permite uma transição mais fluida e imersiva, melhorando a experiência do jogador. Todavia, desde os primórdios dos jogos eletrônicos, milhares de títulos empregaram essas telas para preencher o tempo enquanto os dados eram processados. Mas qual a verdadeira história por trás dessa que foi, por muito tempo, a maior farsa na história dos videogames?
Em primeiro lugar, é crucial entender que a chegada dos SSDs (unidades de armazenamento em estado sólido que utilizam memória flash) tornou os carregamentos incrivelmente rápidos, tanto para PC Gaming quanto para consoles modernos como PlayStation e Xbox. Como resultado, muitos desenvolvedores de jogos finalmente admitiram que a funcionalidade dessas barras sempre foi, de fato, uma cortina de fumaça, um recurso que não refletia o progresso real.
A Ilusão do Progresso nos Videogames: Uma História de Falsificação
Até o início do século 21, praticamente todos os videogames para PC e consoles (principalmente após a adoção de formatos como CD-ROM e DVD) exibiam uma tela estática acompanhada por uma barra de progresso. Essa barra, aparentemente, indicava o carregamento do próximo nível, criando a expectativa de um tempo de espera preciso para o jogador.
Essa imagem, portanto, tornou-se quase um símbolo dos videogames. No entanto, foi uma publicação na rede social X do criador de conteúdo e comediante Alasdair Beckett-King (MisterABK), em 28 de junho de 2023, que levantou o véu sobre o assunto. Ele provocou:
“Os desenvolvedores precisam inventar uma barra de carregamento que se mova a uma velocidade proporcional ao tempo que realmente leva para um nível terminar de carregar […]” afirmou Alasdair Beckett-King.
Esse comentário, por sua vez, abriu uma discussão ampla sobre a natureza dos tempos de espera em jogos e a forma como a otimização de jogos era percebida.
Consequentemente, vários desenvolvedores independentes confirmaram a suspeita geral. Eles revelaram que os jogadores não confiam plenamente em barras de progresso suaves porque, em grande parte, elas são falsas. Na realidade, muitos jogos falsificavam o progresso do carregamento para proporcionar uma sensação contínua de avanço ao jogador, mesmo quando a tecnologia da época não permitia carregamentos instantâneos.
Por Que a “Cortina de Fumaça”? Entenda a Estratégia dos Desenvolvedores
Mike Bithell, renomado desenvolvedor, também em resposta à mensagem de MisterABK, confessou que ele mesmo criou jogos cujas barras de carregamento se movem artificialmente. Assim, ele explicou que os “solavancos” ou “travamentos” nas barras de carregamento são os verdadeiros indicadores de que o processo está, de fato, ocorrendo. Isso contrasta com o simples preenchimento de uma porcentagem que, muitas vezes, não reflete o progresso real. Essa técnica visava gerenciar a impaciência e a experiência do jogador, baseando-se em uma enganação visual para o tempo de espera.
Não era incomum, por exemplo, ver uma barra de progresso quase completa, que, de repente, parava por um longo período antes de finalizar o carregamento. É evidente, portanto, que essa não era uma representação fiel do tempo restante. Outros desenvolvedores, como Raúl Munárriz, do extinto estúdio Tequila Works, também admitiram o uso desse método amplamente conhecido nos videogames, justificando que “eles assustam o jogador” — uma declaração que ecoa a explicação de Mike Bithell sobre o impacto psicológico das esperas prolongadas.
O Futuro das Telas de Carregamento: SSDs e Novas Abordagens na Indústria de Games
Apesar de tudo, é importante notar que algumas telas de carregamento são, de fato, “reais” e quantificáveis. Um exemplo clássico é o que surge no início de certos jogos, informando quantos shaders precisam ser compilados para que o carregamento seja concluído. Nesses casos, a barra de progresso é acompanhada por um número que reflete dados concretos, oferecendo uma otimização de performance transparente e precisa.
Contudo, com a disseminação massiva dos SSDs e o fato de que muitos jogos modernos limitam os “carregamentos” à transição entre grandes áreas do jogo (mudança de instâncias), essas telas estão, sem dúvida, com os dias contados. Em suma, estamos presenciando o fim de uma era na tecnologia de armazenamento para games, onde a necessidade de artifícios visuais está diminuindo drasticamente. Acompanhe as novidades e veja o impacto nos seus próximos jogos!
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Confira o que Mike Bithell disse sobre o assunto em seu perfil no X: @mikeBithell