Com seus olhos grandes, orelhas pontudas e um sorriso de dentes serrilhados, os bonecos Labubu se tornaram uma verdadeira febre global em 2025. Surpreendentemente, seu visual peculiar, que transita entre o “fofo” e o “esquisito”, não impediu sua ascensão meteórica. De fato, celebridades de peso como Lisa do Blackpink, Kim Kardashian, Dua Lipa e Rihanna já foram flagradas exibindo essas figuras peludas penduradas em suas bolsas de grife, transformando o fenômeno Labubu em algo viral nas redes sociais. Mas, afinal, de onde vêm esses “monstrinhos élficos” e por que demoraram tanto para conquistar o público ocidental?
A Origem dos Labubus: Quem Criou os Monstrinhos Colecionáveis?
O personagem Labubu foi idealizado em 2015 pelo talentoso artista Kasing Lung, nascido em Hong Kong e radicado na Bélgica. Inspirado por contos de fadas e mitologia nórdica, Kasing deu vida à série de histórias infantis The Monsters, apresentando criaturas gentis, porém um tanto atrapalhadas, como o próprio Labubu. Além dele, vivem neste universo outros personagens cativantes, como Zimomo, Tycoco e Spooky. Os livros, por sua vez, são ilustrados com cores vibrantes e um mínimo de texto, transmitindo as narrativas principalmente através da arte visual.
É interessante notar que, apesar de serem originalmente direcionados ao público infantil, esses monstrinhos colecionáveis também exibem comportamentos mais adultos, como o uso de tabaco e álcool. Essa dualidade contribuiu significativamente para uma recepção mais ampla e um apelo duradouro com o passar do tempo, cativando tanto crianças quanto adultos.
A Ascensão dos Brinquedos Labubu: A Parceria com a Pop Mart
A transição de personagens de livros para brinquedos colecionáveis marcou o próximo passo na jornada dos Labubus. Em 2016, a Pop Mart, uma renomada empresa chinesa especializada em colecionáveis, estabeleceu uma parceria estratégica com Kasing Lung. Essa colaboração permitiu à companhia comercializar figuras do universo The Monsters em formato de miniaturas e chaveiros, utilizando principalmente as famosas blind boxes.
Essas caixas-surpresa, que só revelam qual boneco está dentro após a compra, proporcionam uma experiência lúdica e, para muitos, viciante. Rapidamente, o personagem Labubu se destacou entre os demais, tornando-se o carro-chefe da marca e gerando dezenas de coleções temáticas, com inúmeras variações de cor, fantasia e expressões faciais.
A estética dos Labubus mescla elementos do estilo kawaii (que significa \”fofo\” em japonês) com um toque bizarro, criando uma sensação ambígua, mas paradoxalmente acolhedora. Seus corpos peludos, olhos exagerados e sorrisos travessos evocam tanto nostalgia quanto curiosidade no observador, sendo um dos pilares de seu sucesso.
De acordo com especialistas como Clotilde Perez, professora de Semiótica da USP, o apelo emocional é uma peça-chave para o sucesso desses itens. “O fator surpresa das blind boxes e o formato miniatura estimulam o vínculo afetivo”, afirmou Perez. Analogamente, Vanessa Hikichi, analista de tendências da WGSN, destaca que esse tipo de produto atende a um movimento crescente: o consumo afetivo, simbólico e escapista, especialmente em tempos de incerteza global. Essa análise reforça por que os colecionáveis Labubu se tornaram tão populares.
A Conquista do Ocidente: Como os Labubus Viralizaram Globalmente?
Apesar de terem surgido na Ásia há quase 10 anos, os Labubus só viralizaram de fato fora da China entre 2024 e 2025. O grande ponto de virada foi quando Lisa, integrante do grupo Blackpink, postou fotos com o boneco Labubu em seu Instagram. Pouco tempo depois, Rihanna apareceu com um pendurado em sua bolsa Louis Vuitton, e Kim Kardashian revelou sua impressionante coleção pessoal de dez unidades. Curiosamente, até o ex-jogador David Beckham entrou na onda após ganhar um de presente da filha.
A presença constante nas redes sociais de celebridades e influenciadores foi crucial para a disseminação do interesse por esses personagens colecionáveis entre fãs de moda, cultura pop e design ao redor do mundo. Essa estratégia de marketing boca a boca digital impulsionou a tendência Labubu a novos patamares.
Onde Comprar seu Labubu e Qual o Preço Médio?
Atualmente, os bonecos Labubu são vendidos em mais de 30 países, tanto em lojas físicas quanto online. A Pop Mart, aliás, opera mais de 2 mil roboshops (máquinas automáticas de venda) ao redor do mundo, facilitando o acesso aos seus produtos. Além disso, a marca mantém forte presença em grandes marketplaces como Shopee, AliExpress e eBay, tornando-os amplamente disponíveis para colecionadores e entusiastas.
Os preços desses colecionáveis variam geralmente entre 25 e 70 dólares canadenses (aproximadamente R$ 100 a R$ 280, dependendo da cotação). No entanto, é importante notar que esses valores podem inflacionar consideravelmente no mercado de revenda, especialmente para itens mais raros, conhecidos como chasers. Esses bonecos Labubu cobiçados aparecem em uma a cada 100 caixas, em média, aumentando significativamente seu valor de mercado.
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Labubu: Mais que um Brinquedo, um Símbolo do Novo Soft Power Chinês
Para além da estética peculiar e do apelo ao colecionismo, os Labubus também se tornaram um símbolo do novo soft power chinês. Segundo a agência estatal Xinhua, o sucesso do boneco Labubu demonstra como a criatividade, a qualidade e o design chinês podem, de fato, se comunicar com o mundo de forma universal, divertida e “cool”.
Este caso é comparável a outros fenômenos culturais chineses recentes, como o aclamado game Black Myth: Wukong e o filme de animação Nezha. Analistas apontam que, mesmo com o receio geopolítico do Ocidente em relação à China, produtos como os Labubu são “bons demais para serem ignorados”, reforçando a crescente influência cultural chinesa.
Embora o Brasil ainda não tenha lojas físicas da Pop Mart, é possível adquirir os bonecos Labubu por meio de revendedores ou lojas internacionais online. A popularidade por aqui vem crescendo notavelmente, especialmente entre jovens adultos que se identificam com a estética kidult (adultos que consomem produtos infantis) e com o desejo de expressar sua identidade por meio de itens afetivos, fofos e, é claro, colecionáveis.
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