Entendendo o acordo provisório entre SAG-AFTRA e estúdios de jogos
O Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA) conquistou um acordo provisório com empresas do setor de jogos eletrônicos, visando encerrar uma disputa que já dura quase um ano sobre o uso de inteligência artificial (IA). Essa negociação representa um avanço importante na regulamentação de direitos trabalhistas em um cenário cada vez mais influenciado por tecnologias de automação e IA na indústria de videogames. O entendimento, que ainda passa por avaliação e possíveis ajustes, busca equilibrar inovação tecnológica com proteção aos profissionais do setor.
Impactos da inteligência artificial na indústria de jogos
Desde julho de 2024, profissionais de dublagem e atores iniciaram uma greve contra empresas como Electronic Arts, Activision, Warner Bros. Games e outras, reivindicando o controle sobre o uso de IA. O movimento surgiu por causa do uso de modelos de voz gerados por máquinas para substituir atores humanos, afetando projetos renomados como Destiny 2 e World of Warcraft. Na prática, isso resultou em NPCs sem diálogos ou com vozes artificiais, prejudicando a qualidade e a originalidade das obras.
O sindicato salientou que a implementação descontrolada de IA põe em risco os direitos dos artistas e compromete a integridade artística dos jogos. Além disso, empresas como Riot Games e Activision têm sido criticadas por substituições de profissionais após reações negativas dos jogadores, levantando questões éticas sobre o uso de IA na produção de conteúdo artístico.
Propostas de proteção aos artistas na era da IA
O acordo provisório visa criar mecanismos de proteção dos direitos dos dubladores e atores, garantindo que o uso de IA seja realizado de maneira ética, com transparência e consentimento prévio dos profissionais envolvidos. Segundo Duncan Crabtree-Ireland, diretor executivo do SAG-AFTRA, o entendimento inclui proteções contra uso não autorizado de vozes e imagens, além de regras claras para a utilização de tecnologias de IA na produção de jogos.
Empresas do setor têm demonstrado interesse em avançar na regulamentação. Um executivo do PlayStation destacou a importância da IA para as gerações Z e Alpha, especialmente em relação à personalização da experiência dos jogadores. Por outro lado, o CEO da Take-Two Interactive, dona da Rockstar Games, afirmou que o debate sobre redução de empregos na indústria devido à IA é uma “loucura”.
Perspectivas futuras e opiniões da indústria
Embora o acordo seja visto como um avanço, o tema continua gerando debates acalorados. O dublador de The Witcher, Doug Cockle, expressou uma postura de cautela, chamando a IA de “inevitável” mas também “perigosa” para os profissionais de voz. A CD Projekt Red, desenvolvedora de Cyberpunk 2077, utilizou IA para substituir um ator falecido, com a permissão da família, o que provocou reações variadas na comunidade artística e levantou questões éticas sobre consentimento e direitos de imagem.
Já a Embark Studios, responsável pelo sucesso The Finals, foi criticada por utilizar dublagens geradas por IA em seus jogos, empregando uma combinação de vozes humanas e artificiais. Essa prática evidencia o desafio de equilibrar inovação tecnológica com os direitos dos atores e artistas do setor.
Relevância do acordo para o setor de jogos
O avanço na regulamentação aponta para uma tentativa de integrar o progresso tecnológico sem comprometer os direitos trabalhistas. Essa iniciativa pode estabelecer uma referência para outras áreas do entretenimento que também enfrentam dilemas relacionados ao uso de IA, como cinema, televisão e publicidade.
Com a necessidade de aprovação final pelo conselho do SAG-AFTRA, a expectativa é que essa medida estabilize o uso de IA na indústria de videogames de maneira ética e responsável, protegendo os profissionais enquanto possibilita inovação.
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