O mercado automobilístico na China está em plena explosão. Em 2024, registrou-se um aumento significativo nas vendas de veículos, atingindo números inéditos que despertam atenção global. Entretanto, esse crescimento pode esconder problemas graves para o futuro da indústria automotiva.
Recorde de vendas e o impacto na produção chinesa
Foram vendidos impressionantes 31,44 milhões de carros na China no último ano, sendo 12,89 milhões de veículos de nova energia — os populares carros elétricos e híbridos plug-in. Apesar do crescimento de 35,5% em veículos híbridos em relação a 2023, há um alerta: esses números podem estar inflados.
Números avassaladores e seu significado
De acordo com a ACEA, foram vendidos globalmente 74,6 milhões de veículos em 2024. Isso significa que mais de 40% das vendas no mundo ocorreram na China, um dado que coloca o mercado chinês no centro dos focos. Entretanto, especialistas alertam que os números podem estar manipulados para alcançar os recordes.
Fabricantes chineses ganhando destaque
Marcas como BYD, Geely e Great Wall expandem sua presença internacional. A BYD, por exemplo, estabeleceu uma meta de vender 5,5 milhões de veículos até 2025, planejando ultrapassar gigantes como Stellantis. A estratégia inclui lançar modelos acessíveis na Europa, como o BYD Dolphin Surf, e apostar na produção na Hungria, potencializando sua expansão na Europa, onde se afirmou como uma forte concorrente às tradicionais fabricantes americanas e europeias.
Guerra de preços e regulamentações
Para manter as vendas altas e competir com rivais globais, a BYD lançou uma feroz guerra de preços na China, oferecendo descontos em mais de 20 modelos. Contudo, essa prática tem gerado preocupações: o mercado pode estar inflando suas vendas ao vender veículos como se fossem novos, mas na verdade, muitos deles podem estar sendo negociados como usados, sem uso real.
Segundo fontes da Reuters, há uma movimentação de revendedores vendendo carros como “veículos usados” — uma estratégia para driblar regulamentações ou cumprir cotas de vendas, embora prejudique a transparência e o equilíbrio do mercado.
Consequências e riscos futuros
Wei Jianjun, presidente da Great Wall Motors, comparou a situação do setor ao colapso da Evergrande, alertando para uma crise semelhante no mercado automotivo chinês. A preocupação é que a inflação de números de vendas e o acúmulo de estoques possam levar a uma bolha, semelhante à da crise imobiliária na China, mas agora no setor automotivo.
O acúmulo de estoques e a venda de veículos pouco utilizados representam um aviso de que os números podem estar sendo inflados por estratégias questionáveis. Com carros que se tornam obsoletos rapidamente e desvalorizados, há riscos de uma bolha estourar, afetando tanto fabricantes quanto consumidores. Além disso, essa situação compromete a credibilidade do setor frente a investidores internacionais e reguladores, que já monitoram atentamente as práticas de registros de vendas na China.
Por que esse cenário preocupa o setor
Se a tendência de vendas infladas continuar, o mercado pode sofrer uma crise de confiança. A possibilidade de uma crise de liquidez e a deterioração da imagem das marcas chinesas representam questões que investidores e reguladores já começam a monitorar de perto. A crescente entrada de empresas chinesas no mercado global de veículos elétricos reforça a importância de práticas transparentes para evitar repercussões negativas a longo prazo.
Assim, enquanto os números atuais reforçam a força do setor automobilístico da China, é crucial ficar atento às estratégias utilizadas para alcançar esses resultados, que podem não refletir a real saúde do mercado.
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