Uma das maiores barreiras das missões a Marte sempre foi o longo tempo de viagem, que varia entre seis e nove meses. Essa duração aumenta a exposição à radiação, tornando os riscos para os astronautas ainda maiores, de acordo com a NASA. No entanto, uma pesquisa recente conduzida pelo físico Jack Kingdon sugere que há uma possibilidade de reduzir esse tempo para apenas 90 dias, utilizando tecnologias atuais.
Estudos desafiam a duração convencional das viagens espaciais
Normalmente, o percurso até Marte é feito com propulsores convencionais, levando até nove meses. Isso está relacionado ao método clássico de otimização de trajetórias interplanetárias, conhecido como problema de Lambert. Mas os cálculos de Kingdon mostram que é possível encurtar esse período, usando a tecnologia de foguete químico Starship da SpaceX.
Como seria a trajetória de 90 dias?
Segundo o estudo, a missão envolveria o lançamento de seis naves espaciais — duas tripuladas e quatro de carga — que viajaríam separadamente e seriam abastecidas em órbita baixa da Terra por uma frota de navios-tanque. Uma complexa rotina de reabastecimento, com cerca de 45 lançamentos em duas a três semanas, seria necessária para garantir o transporte de 1.500 toneladas de propelente. Assim, as naves poderiam alcançar uma trajetória de alta energia.
Após a decolagem, as duas naves tripuladas seguiriam uma trajetória Lambert, que permitiria uma viagem de 90 dias. Antes de chegar a Marte, realizariam uma manobra de desaceleração por queima de motores, reduzindo a velocidade de entrada na atmosfera marciana, que por sua vez dissiparia o restante da energia através da reentrada aerocapturada. Finalmente, um pouso propulsivo na superfície de Marte seria realizado com segurança.
"Essa proposta matemática demonstra que, com as tecnologias atuais, uma viagem de 90 dias a Marte é possível," afirmou Jack Kingdon.
Desafios e tecnologias essenciais
Para que essa rota rápida seja viável, duas tecnologias-chave precisam ser dominadas pela SpaceX: o reabastecimento orbital criogênico em grande escala e a reentrada hiperbólica. Além disso, o estudo aponta que o cenário de 2035 é uma janela possível, dependendo do avanço dessas inovações.
O percurso de retorno e a colonização de Marte
Para a viagem de volta, a logística é ainda mais complexa. Seria necessário estabelecer uma usina de produção de combustível em Marte, capaz de transformar gelo e CO₂ em metano e oxigênio. Assim, a espaçonave de carga, que chegaria a Marte antes, atuaria como uma transferência de combustível para a nave tripulada em órbita marciana, facilitando o retorno de 90 dias à Terra.
Apesar do otimismo, a proposta enfrenta obstáculos regulatórios e tecnológicos, especialmente em relação à propulsão nuclear, preferida pela NASA há décadas, mas ainda com baixa maturidade.
O futuro da exploração marciana
O empresário Elon Musk planeja que robôs e voluntários construam uma cidade autossuficiente em Marte, com a tecnologia a favor de um avanço mais rápido. Assim, essa nova abordagem pode transformar radicalmente o calendário das missões espaciais, tornando o sonho de colonizar o planeta vermelho uma realidade mais próxima.
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