Apesar de inicialmente afirmar que não desistiria do mercado chinês, devido às restrições impostas pelos Estados Unidos, a NVIDIA vem mudando sua postura diante dos desafios geopolíticos e comerciais. Seguindo o CEO Jensen Huang, a companhia decidiu que não vai mais incluir a China nas próximas previsões de receitas e lucros de seus relatórios fiscais, sinalizando uma reestruturação importante em sua estratégia global.
Huang explicou que essa decisão foi tomada após avaliar a baixa probabilidade de o governo Trump reduzir os controles sobre a venda de produtos tecnológicos no país, o que afetaria diretamente o mercado chinês. “Se isso acontecer, será um excelente bônus. Assim, informei nossos investidores que nossas previsões não mais consideram o mercado da China”, disse o executivo.

Além das questões estratégicas, a medida reflete um cenário mais amplo de tensões comerciais entre China e EUA. A atual administração americana adotou uma postura mais rígida, impondo restrições severas à exportação de tecnologias avançadas, como chips de alta performance e equipamentos de inteligência artificial. Contudo, há sinais de que esses obstáculos estão impulsionando a inovação interna na China.
Huang também criticou duramente as atuais políticas, ressaltando que as restrições não estão atingindo seus objetivos. Enquanto a proposta de banir a venda de chips como o H20 deveria frear o desenvolvimento da inteligência artificial na China, na prática ela estimulou o crescimento da indústria local, forçando as empresas chinesas a desenvolver soluções próprias e a fortalecer seu ecossistema tecnológico independentemente das empresas americanas.
Mesmo com essa mudança de estratégia, a NVIDIA continua estudando alternativas para manter sua presença no mercado chinês. Segundo a Reuters, a companhia já trabalha em um novo chip baseado na arquitetura Blackwell, que, embora seja menos potente que o H20, promete oferecer uma solução mais acessível para o mercado local e recuperar espaço frente à concorrência.
CEO da ARM reforça críticas às restrições dos EUA
De acordo com a Bloomberg, Huang não é o único executivo insatisfeito com as políticas comerciais americanas. Rene Haas, CEO da ARM, afirmou durante o Founders Forum Global que essas restrições prejudicam tanto consumidores quanto empresas de tecnologia.

“Restringir o acesso à tecnologia e forçar a criação de outros ecossistemas não é benéfico… isso diminui o mercado e prejudica os consumidores” afirmou Haas. Ele destacou que o mercado chinês é vital para a ARM e que ficar de fora dele pode representar uma ameaça à competitividade global da indústria de chips.
Por outro lado, empresas como a Huawei estão se beneficiando dessa situação. A solução Ascend 920 AI, oferecida pela gigante chinesa, vem se mostrando uma substituta competitiva para o chip H20 da NVIDIA, consolidando assim seu posicionamento no mercado interno. Além disso, a Huawei continua recrutando engenheiros especializados em IA para desenvolver novos projetos de hardware e fortalecer sua cadeia de semicondutores.
Essas movimentações revelam como as empresas chinesas estão se adaptando às restrições e buscando autonomia tecnológica frente às pressões externas.
Fonte: Reuters, Tom’s Hardware